Ela me acorda , acho que já é meio
da tarde , que já é tarde
que não me importo,
mas ela sim , diz que não faço nada da vida ,
ela está saindo do banho ,
sempre fazendo da tarefa de se vestir
um ritual de pragmatismo .
Digo que tomarei uma atitude nessa vida de vagabundo,
viro para o outro lado e durmo .
Ela continua nua e falando e se vestindo e sendo prática
dentro do meu sono
como um cão otário atrás do coelho
que sei , mecânico .
Acordo de novo ,
meus pincéis estão uma bagunça ,
meus textos , inacabados ,
quadros secos esquecidos pelo chão .
Pego a gaita no criado mudo e tento uma música ,
sai bocejo e soluço sem dó maior .
Levanto a bunda da cama ,
espreguiço cada músculo
e peço para que ela tire a roupa séria .
Ela diz que está atrasada .
Jogo a gaita contra a parede , pedaços
metálicos voam pelo ar , morrem aos
nossos pés :
-Tire a maldita roupa, mulher .
Saco uma garrafa de vinho de sob o estrado ,
dou um longo gole tinto
e passo-lha a bebida .
- O que é isso ?
- Hoje você vai ficar nua , beber , tontear
e quando tudo estiver girando ,
te mostro no que fico pensando
durante meu ócio , e vou fazer você
também lembrar ,
que no fundo é isso que interessa ,
"in vino veritas",
e vou fazer você lembrar como é gostoso
sentir um pouco de dor chapada .
e vou fazer você lembrar
como eu sou .
- Você não entende que estou atrasada ?
Me posiciono atrás dela ,
abaixo suas costas com carinho, amor mesmo ,
ela escora as mãos sobre a estante de livros inúteis .
SODOMA !!!
A terra queimou por gente vagabunda como eu .
Mais um poema-porra é escrito no inferno .
(paulo)
da tarde , que já é tarde
que não me importo,
mas ela sim , diz que não faço nada da vida ,
ela está saindo do banho ,
sempre fazendo da tarefa de se vestir
um ritual de pragmatismo .
Digo que tomarei uma atitude nessa vida de vagabundo,
viro para o outro lado e durmo .
Ela continua nua e falando e se vestindo e sendo prática
dentro do meu sono
como um cão otário atrás do coelho
que sei , mecânico .
Acordo de novo ,
meus pincéis estão uma bagunça ,
meus textos , inacabados ,
quadros secos esquecidos pelo chão .
Pego a gaita no criado mudo e tento uma música ,
sai bocejo e soluço sem dó maior .
Levanto a bunda da cama ,
espreguiço cada músculo
e peço para que ela tire a roupa séria .
Ela diz que está atrasada .
Jogo a gaita contra a parede , pedaços
metálicos voam pelo ar , morrem aos
nossos pés :
-Tire a maldita roupa, mulher .
Saco uma garrafa de vinho de sob o estrado ,
dou um longo gole tinto
e passo-lha a bebida .
- O que é isso ?
- Hoje você vai ficar nua , beber , tontear
e quando tudo estiver girando ,
te mostro no que fico pensando
durante meu ócio , e vou fazer você
também lembrar ,
que no fundo é isso que interessa ,
"in vino veritas",
e vou fazer você lembrar como é gostoso
sentir um pouco de dor chapada .
e vou fazer você lembrar
como eu sou .
- Você não entende que estou atrasada ?
Me posiciono atrás dela ,
abaixo suas costas com carinho, amor mesmo ,
ela escora as mãos sobre a estante de livros inúteis .
SODOMA !!!
A terra queimou por gente vagabunda como eu .
Mais um poema-porra é escrito no inferno .
(paulo)