Páginas de Literatura Corporal

14.10.04

Fui dar entrevista para a televisão, sobre o livro e o cacete.
Fora do estúdio, assistia o programa por um monitor.
Antes de mim, uma chinesa dava receitas de sabonetes afrodisíacos
e ao meu lado, o último entrevistado,
seria um monge budista com cara bem brasileira.
Esse tipo de situação que costuma dar tonturas.
Tem gente que não liga.
Eu sou de um terceiro tipo: acho graça.
A Lavabo-China ia bem, mostrou um sabonete em forma de melancia
e a entrevistadora perguntou :
- Querida, nesse você usou essência de quê ?
Pensei genuinamente : Fudeu .
Acendi um cigarro que na terceira tragada
o seu polícia pediu pra apagar, por motivos de segurança:
"ESCRITOR VAGABUNDO COLOCA FOGO ESCROTO EM EMISSORA DE TV"
Eu adoraria escrever essa matéria pra minha coluna.
Quando dei por mim, seco por beber algo louco,
Já estavam me chamando para dentro.
Passei por um corredor apertado
e a entrevistadora me olhou com cara de uma das putas
de Modigliani



Era questão de pegar e comer.
Mas não havia anotado nenhuma receita da subchinatown baby
e ando meio broxa com garotas que sorriem muito.
Sei que sentei peguei o microfone e desandei a falar,
sem permitir que a tesuda QI 1.6 fizesse algum pergunta,
contei da minha primeira bicicleta
do meu primeiro disco de rock
do meu ódio pelas hello kits
do prazer de escrever uma literatura verdadeiramente corporal
enquanto apoio essencial à ALCA e desprezo existencial pela mesma.
Foram 17 minutos de verborragia olhando pra câmera 2,faz favor.
Logo o monge já me sacava da porta, ansioso, bem longe do Nirvana
e do Dharma, ele também queria aparecer na câmera 2 e talvez gostasse
de Modigliani mais que eu .
Tudo passou com a lisura de umas gotas de glicerina entre as nádegas.
Agora lanço o livro dia 19/10 na FNAC-CAMPINAS , 19:00
e espero que seja uma noite feliz e essas coisas.
Tenho recebido elogios bacanas sobre o texto, bem como dúvidas.
Gosto das dúvidas : elas aproximam sensualmente as pessoas
numa possibilidade de relação fálica.
É só não sorrir demais.