Páginas de Literatura Corporal

12.7.05



Dürer foi um sujeito forte.
Veja o Adão e Eva dele.
Cara fudido.
Eu preciso de gente fudida,
mas cada vez é mais escasso.
Veja bem, fui procurar lá na Renascença.

O que você encontra é o tipo de relacionamento em que é necessário falar muito,
pois as pessoas estão ficando burras com as palavras.
"Me explica, direito ? Sou meio burrinha. Não entendi."
VAI SE FUDER.
Ou então aquele silêncio arrogante :
- Putz, o Paulo mandou bem...deixa eu ver como vou me proteger disso...
ou pior :
- Não prometo nada, mas diante da sua palavra, talvez eu tenha uma CRISE HISTÉRICA e foda com tudo, rasgue seus quadros, morda seus pincéis, mije dívidas líquidas sobre seus livros ! Não me controlo muito bem !
Só a Morte salva essa gentinha.
"Ei, por que você deu no pé ?"
"Ah, estou muito entendiada pra falar."
"Tu é burra, imbecil ?"
"Quero viver e dizer SIM à vida"
"E daí ?"
"Amo o amor e quem ama dá vexame !"
Só levando bala.
No meio da alminha fuleira.
Não é todo mundo que merece as graças da Justiça.
O Assassinato Deveria Ser Permitido
quando se levasse em consideração a estrutura psíquica do "réu" e da "vítima".
Tempo de caça.
Que livremente rimo com cachaça, me deixa no samba da minha escola.

Adão e Eva fizeram um bom trabalho lá embaixo, pro Dante sacar depois,
carnaval do caralho. Sou pecador e pronto. Dürer, te encontro lá, seu fodedor de empregadinhas.
Ainda não sei com que placa vou pintar no pedaço : homicida, sodomita, mentiroso, caluniador, azeite na água.
Mas te procuro, figura. Levo minha roda de bambas.


( Seurat )

O que não é entendido é que meu estúdio de piranhas
Fica na minha cabeça.
- Ah, mas isso é porque no íntimo você deseja uma putaria safada ! Na vida real !
O que não fica entendido é que a minha vida real
Fica na minha cabeça.
Já estou velho.
Já arregacei a minha uretra em cus de vagabas de xana casta.
Já peguei muita infecção urinária.
Já estive chutando jornal amassado no Porto de Santos,
na madrugada.

Um amigo acaba de me ligar, pedindo uma dica, sobre uma foda que ele tem lá no Rio de Janeiro,
e que andou meio embaçada e ele está afins de ir pra lá.
Eu consultei as moças do meu estúdio de piranhas e proferi :
- TÁ TI COM FORRRRRRÇA !!! ( no meu melhor sotaque piracicabano)
Ele riu lá na casa dele, deve embarcar em dois dias, mas entendeu o recado.
E eu rimo de novo, sou um sábio do caralho !
Alimento bem as minhas piranhas dentro do cérebro, procure na Google,
"sistema límbico", é aí que moram as garotas-neurônios-doidaças-musas.

Outro amigo me contou que teve que interromper um relacionamento pois
o mesmo estava indo para um canal muito intenso,
a mina estava com medo das responsabilidades sociais e de ter que dividi-lo com
a namorada que mora no norte, cabecinha chata.
Me pediu conselho também.
E eu só chorei.
Peguei meu GUITARRON e chorei uma canção mariachi.
Nem sempre eu tenho as respostas.
Apesar de ser pago pra isso.
Por isso estou de saco cheio de trabalhar e enganar.



Degas não foi um pintor legal, escondia a sacanagem atrás de um imaturo simbolismo.
Mas coloco aqui pra vocês verem como é meio broxante,
simbolizar demais.
Falar demais.
Ser cabeçudo.
Isso só gera crises, a mina acorda nua, se veste, PENSA INTELECTUALMENTE, simbolicamente, e dá no pé...
...Bem que ela poderia fazer o favor de dar um pulo na Padaria.
Não peço grandes produções, com sedas e estilos e vodca importada na geladeira,
Apenas pão com presunto e queijo,
pra gente rir na cama,
enquanto a casca se esfarela no cobertor.
É pedir muito ?
Não tenho culpa de gostar de ROCK AND ROLL.
Sou bem básico,
camisetas brancas e pretas, sem mensagens.
E quando eu vomito na privada,
é sozinho, sem incomodar os vizinhos.
Até os impostos que tenho grana, eu os pago.

Definitivamente espero que tudo termine bem,
sem crimes ou dentes quebrados.
O Paraíso até que pode ser uma boa, ou seja, o Nada.
Noutra parada do deserto do Texas,
encontro Dürer, louco de peiote e achando Allen Ginsberg o melhor poeta desde Milton.

Realmente torço por todos que se aproximam de mim.
Contanto que não me encham o saco.

Beijos.

Paulo.