Páginas de Literatura Corporal

25.11.04

Brasil Sangue de Coturno.

Estou de volta.
Mas deixem ligados o comunicadores eletrônicos.
As maneiras de eu não me perder das gentes que aprendi a amar
Pois me amaram .
Na última noite de espetáculo,
saímos a equipe para nos divertir na noite portuguesa,
Uma Taberna muito apertada, deliciosa, já que nos obrigava
uma proximidade física, um contato sensual, e assim
Dançamos The Cure ( que é cantado no espetáculo) , Strokes e Cabaret.
Deixem o Cabaret eletrônico ligado.
Joana Nossa, a atriz, a dançarina , a musa,
quer cantar.



E como cantava, e como deitada declamava meu texto com textura erótica
Que nunca imaginei possível.
E estávamos todos a nos divertir sob a luzes da Taberna eletrônica
Eu precisando ir embora , 6:00, o sol nascendo,
e o povo não me permitindo o Hotel Residencial Francesa
pois queriam um café da manhã : VITELA .
Seria genial, se eu não precisasse voltar e dar um telefonema importante
aqui para o Brasil,
ou alguma desculpa assim , ou eu não botaria fim naquela balada,
depois da VITELA , iria querer emendar com sucos e frutas opióides,
e seria eu que não deixaria que fossem embora
que eu fosse embora.
Caminhei sozinho pela noite fria de fazer vapor dragão.
E gargalhava no deserto,rua limpa,os lixeiros educados , "boa noite, senhor", apenas um pouco distante de CasaBlanca mítica,
afinal , Joana Nossa queria cantar !
Onde estarão eles agora ?
Cante essa canção, Joana,
cante como fizeste para mim tão de perto ,
na "primeira fileira",
e me diga se também aí existe a sensação de vazio que me assoma
assombra
assusta.
Que seja uma cantiga de trovadores, um fado, algo dos eletrônicos aparelhos...
Suas meias, eu as trouxe para cá , um presente que roubei, uma prenda
que me foi dada entre sorrisos cúmplices .
Eu poderia dar as meias para que uma mulher aqui usasse fetiche e ela fosse você .
Mas não .
Eu as visto e as arregaço com minhas coxas em pêlos e rígidas,
e isso é de uma metáfora brutal
da vida.
dos encontros.
do inusitado.
da distância.
Senhores passageiros ,
não desliguem seus aparelhos eletrônicos,
que o avião caia em seu colo, menina.
Confortável e sustenido, do ré mi fá sol .
Não desliguem porra nenhuma,
que eu quero ouvir Joana cantar !!!
BEIJOS.
Paulo.



18.11.04

Já em PORTUGAL ...

É isso aí .
Escrevo de um cyber sujo esfumaçado com cerveja excelente SUPER BOCK PORTUGUESA .
A estréia da minha peça foi ontem .
Modéstia É UMA merda.
Foi um sucesso .
Tudo lotado .
Espero que permaneça assim durante toda a semana em que eu estiver aqui na terrinha.
Onde
me
tratam bem .
Como, obviamente, mereço.
Não mereço é ouvir TERRA PLANETA ÁGUA que está a tocar nesse momento( viram a construção da frase anterior ? Como já escrevo em lusitanês ?)

Mas existe a solidão.
Estranho não ter a quem abraçar .
Toco os garçons, serventes, atores, atrizes, junkies , lolitas, crianças,
esperando calor nesse tempo frio de 6-3 graus .

Grande sensação : subi no palco e lá estavam os objetos materializados escritos no livro, o texto , a palavra, se tornando MATÉRIA . O Sangue, As Giletes, O Espelho , O Grande Outro, todos ali, para eu tocar. Se isso não for LITERATURA CORPORAL , não sei o que possa ser .

Tudo muito caro.
Comprarei lembranças apenas no último dia, com a grana que sobrar ?
Que sobrar do que ?
Não gasto, pagam-me tudo, gente maravilhosa, o hotel , a comida.
Matemática de Pão Duro Obtuso.

A lata de Coca-Cola é mais baixa, porém mais gorda.

Homens são narigudos como eu.
As mulheres são lindas e parecem belamente insanas, mas de uma maneira calma, como que já acostumadas com o imprevisível.
As raparigas carregam flores e dançam com o rosto pintado de branco, como a Morte .

Deu no noticiário local : o tabaco português está contaminado com substâncias que fazem mal à saúde . Ainda bem que comprei os meus , 5 caixas , no Brasil . Não quero que o cigarro me faça mal . Cof Cof .

Na livraria pedi "literatura portuguesa contemporânea" e me mostraram Eça . E me olharam com cara de quem viu o capeta. Ri e fui rezar numa Igreja pertinho, lotada de velhas gordas abutrais de negro .

Amanhã devo responder aos comentários do post anterior .

A MTV não tem VJs.

Dia 23-11 volto pra SP KAPITAL GUARULHOSA . Podemos combinar algo . Me escrevam em pcpsiq@aol.com
Uma festinha, um bailinho: canto fado.

A calefação é a INVENÇÃO do Homo Sapiens .

Aqui já é noite e ainda são 18:38 . No Brasil , 16:38 . Em Marrocos, sei lá , que porra .

Preciso trocar de cueca.

Preciso continuar na mesma .

Na minha .

Beijos .

Paulo Inc.


2.11.04



Agora tem novo livro meu,
mas nas praças portuguesas,
é o "Red Shoes" , um texto
feito para o espetáculo teatral homônimo,
sob a batuta de Paulo Brandão,
cabeça da Casa de Artes de Vila Nova de Famalicão
O livro será lançado em 04/11
e a peça terá estréia em 17/11,
talvez com minha presença.
É um trabalho sobre a adolescência feminina
sobre o crescer, e a opção entre levar uma
vida de sonhos ou levar vida alguma.
Me transportar para o corpo de uma mulher foi uma
experiência arrebatadora, ela se corta com giletes,
eu me corto com palavras e beijos estarrecidos.
É isso aí ,
depois do "Caso R.",
vamos de "Sapatos Vermelhos".
Para mais informações ,
acessem o site http://www.cm-vnfamalicao.pt
e desçam a página
até a chamada do evento.
Depois cliquem em "Ver Mais" .
Sempre é bom ver mais.
Eu gosto.
Eu sempre peço.
Eu quero isso do amor.

Paulo.