ÀS MOSCAS.
Me vejo em confusão, todas os insetos sentem o meu cheiro, se aproximam,
por mais que eu tome tantos banhos por dia.
No salão de dança, as taxi-girls se afastam,
por mais que eu lhes pague aperitivos coloridos.
Testo minha força em brigas gratuitas no meio da rua.
Volto sem sangue para casa.
Estou me alimentando só de bananas e elas estão acabando na cristaleira.
O restante me dá náusea.
Me desconheço.
Sempre fui um bruto.
Agora fico no sofá, vendo a chuva que cai.
E tão dentro de mim mesmo, quanto é possível estar.
Mas ainda, lá no peito, encontro um carnaval de nudez.
( Ludwig Kirchner, 1919)
Se eu morrer, será dessa forma,
Expressionistas damas da corte,
lutando pelo cadáver .
E, obviamente que vou morrer.
Posso me entregar à Máquina, às rodanas, ao funcionalismo público,
mas ainda assim,
Sempre fui um bruto.
Quem me amou sabe.
Quem ainda me ama, tenta bondasamente, afastar os insetos,
para que eu não veja.
Deixo que pensem que são eficazes.
Nunca tive tanto medo de virar pó.
As bananas estão acabando.
Um canivete de marinheiro está enterrado na minha barriga.
Um bruto derrotado vira o que chamam de UM ROMÂNTICO.
Isso é odioso.
Se eu virar pó em breve,
quero ser injetado em infames veias,
quero ser cheirado sobre um espelho partido,
dividido em carreiras por um cartão de crédito inválido.
Quero um orgasmo trêmulo.
Sobre uma cama de espinhos.
Outro dia, faz pouco, me senti iluminado.
Eu sorria enquanto ia perdendo gordura localizada.
Não havia aura nem Nirvana.
Apenas uma extrema bondade universal.
Acho que, nesse dia, dei meu último suspiro.
Quero um orgasmo múltiplo.
Sobre uma lúgubre cama de veludo.
Não quero parecer soturno.
Já disse, eu sou um bruto.
Derrotado ?
Ah, ainda sei dois ou três bons golpes.
Contra a chuva, a lua e os úteros que ressecam nas árvores
decadentes da AVENIDA PRINCIPAL.
Dentro de mim ainda existe esse carnaval de seios cheios
de leite nutriente.
Quero mamar.
Não passo de um nenem.
Vocês sabem disso.
Se eu virar pó, depois do gozo desejado,
serei o NINHO das crianças soberbas, intratáveis, circunscritas
nas grades dos furacões domésticos.
Moscas, beijem minha boca.
Paulo.
por mais que eu tome tantos banhos por dia.
No salão de dança, as taxi-girls se afastam,
por mais que eu lhes pague aperitivos coloridos.
Testo minha força em brigas gratuitas no meio da rua.
Volto sem sangue para casa.
Estou me alimentando só de bananas e elas estão acabando na cristaleira.
O restante me dá náusea.
Me desconheço.
Sempre fui um bruto.
Agora fico no sofá, vendo a chuva que cai.
E tão dentro de mim mesmo, quanto é possível estar.
Mas ainda, lá no peito, encontro um carnaval de nudez.
( Ludwig Kirchner, 1919)
Se eu morrer, será dessa forma,
Expressionistas damas da corte,
lutando pelo cadáver .
E, obviamente que vou morrer.
Posso me entregar à Máquina, às rodanas, ao funcionalismo público,
mas ainda assim,
Sempre fui um bruto.
Quem me amou sabe.
Quem ainda me ama, tenta bondasamente, afastar os insetos,
para que eu não veja.
Deixo que pensem que são eficazes.
Nunca tive tanto medo de virar pó.
As bananas estão acabando.
Um canivete de marinheiro está enterrado na minha barriga.
Um bruto derrotado vira o que chamam de UM ROMÂNTICO.
Isso é odioso.
Se eu virar pó em breve,
quero ser injetado em infames veias,
quero ser cheirado sobre um espelho partido,
dividido em carreiras por um cartão de crédito inválido.
Quero um orgasmo trêmulo.
Sobre uma cama de espinhos.
Outro dia, faz pouco, me senti iluminado.
Eu sorria enquanto ia perdendo gordura localizada.
Não havia aura nem Nirvana.
Apenas uma extrema bondade universal.
Acho que, nesse dia, dei meu último suspiro.
Quero um orgasmo múltiplo.
Sobre uma lúgubre cama de veludo.
Não quero parecer soturno.
Já disse, eu sou um bruto.
Derrotado ?
Ah, ainda sei dois ou três bons golpes.
Contra a chuva, a lua e os úteros que ressecam nas árvores
decadentes da AVENIDA PRINCIPAL.
Dentro de mim ainda existe esse carnaval de seios cheios
de leite nutriente.
Quero mamar.
Não passo de um nenem.
Vocês sabem disso.
Se eu virar pó, depois do gozo desejado,
serei o NINHO das crianças soberbas, intratáveis, circunscritas
nas grades dos furacões domésticos.
Moscas, beijem minha boca.
Paulo.